domingo, 23 de junho de 2013

EMÍLIA FERREIRO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

FERNANDO GOMES TEIXEIRA
MARCILEI ROCHA BARAÚNA
TICIANE RIBEIRO IMBIRIBA


TRABALHO DA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS E METODOLOGIA NO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL:
EMÍLIA FERREIRO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

INTRODUÇÃO
Este trabalho visa apresentar a biografia e contribuições da autora Emilia Ferreiro vendo que fugindo do pensamento dominante de como se deve ensinar a escrever que é o pensamento tradicional, perguntou como alguém aprende a ler e escrever. Não criou um método de alfabetização e sim, procurou observar como se realiza a construção da linguagem e da escrita.
Veremos o processo de construção da escrita que é definida em cinco fases na qual apresentaremos de forma mais simples e explicada. As teorias desenvolvidas por Emilia Ferreiro e seus colaboradores deixam de fundamentar-se em concepções mecanicistas de uma pedagogia tradicional sobre o processo de alfabetização, para seguir as hipóteses construtivistas/interacionistas de Vygotsky e Piaget seu mentor.
Observa-se o problema que tanto atormenta os professores, e a abordagem dos diferentes níveis em que normalmente os alunos se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, em que o professor assume importante papel, já que a interação entre eles é fator de suma importância para o desenvolvimento do processo.
Os níveis estruturais da linguagem são outros pontos abordados pela autora que são: Nível Pré-Silábico, Nível Silábico e Nível Alfabético.
As contribuições para a educação, ela destacou que o processo de aprendizagem é independe do ensino tanto da leitura quanto da escrita e fendeu a importância de o educando ser exposto ao mundo da escrita, a partir da participação em práticas sociais de leitura e escrita, na qual chamou a atenção para a importância do ambiente em que o educando está inserido.

BIOGRAFIA
Emília Ferreiro, psicóloga e pesquisadora argentina, radicada no México, fez seu doutorado na Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.
Na Universidade de Buenos Aires, a partir de 1974, como docente, iniciou seus trabalhos experimentais, que deram origem aos pressupostos teóricos sobre a Psicogênese do Sistema de Escrita, campo não estudado por seu mestre, que veio a tornar-se um marco na transformação do conceito de aprendizagem da escrita, pela criança.
Autora de várias obras, muitas traduzidas e publicadas em português, já esteve algumas vezes no país, participando de congressos e seminários.
Falar de alfabetização, sem abordar pelo menos alguns aspectos da obra  de Emília Ferreiro, é praticamente impossível.
Fugindo do pensamento dominante de como se deve ensinar a escrever, Emília Ferreiro perguntou como alguém aprende a ler e escrever. Ferreiro desviou o enfoque do "como se ensina" para o "como se aprende", colocando assim a escrita no seu devido lugar – como objeto sociocultural de conhecimento.
MÉTODOS
Ela não criou um método de alfabetização, como ouvimos muitas escolas erroneamente apregoarem, e sim, procurou observar como se realiza a construção da linguagem e escrita na criança.
Os resultados de suas pesquisas permitem isso, que o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe é "ensinado", que conhecendo a maneira com que a criança concebe o processo de escrita, as teorias pedagógicas e metodológicas, nos apontem caminhos, a fim os erros mais frequentes daqueles que alfabetizam possam ser evitados, desmistificando certos mitos vigentes em nossas escolas.
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCRITA
Na fase 01: início dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no sentido da reprodução dos traços básicos da escrita com que elas se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto ou ser a que está se referindo.
Na fase 02, a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias maneiras as poucas formas de letras que é capaz de reproduzir.
Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e a variedade entre elas, (não podem ser repetidas).
Na fase 03: são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida.
A criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas, o que vai de encontro às suas ideias iniciais de que são necessários pelo menos três caracteres. Este conflito a faz caminhar para outra fase.
Na fase 04: ocorre então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da própria criança (o número mínimo de grafias) e a realidade das formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções.Ela, então, começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não o faça corretamente.
Na fase 05, finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita correspondem valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir desses elementos simples, formar a representação de inúmeras sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham exercitado.
TEORIAS DESENVOLVIDAS
As teorias desenvolvidas por Emília Ferreiro e seus colaboradores deixam de fundamentar-se em concepções mecanicistas sobre o processo de alfabetização, para seguir os pressupostos construtivistas/interacionistas de Vygotsky e Piaget.
Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe é "ensinado".
     Na perspectiva dos trabalhos desenvolvidos por Ferreira, os conceitos de prontidão, imaturidade, habilidades motoras e perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente como costumam ser trabalhados pelos professores. Estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos, é importante, mas, vinculados ao contexto da realidade sócio-cultural dos alunos.
     Para Ferreira, "hoje a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para explicar a aprendizagem".
     O problema que tanto atormenta os professores que são os dos diferentes níveis em que normalmente os alunos se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, assume importante papel, já que a interação entre eles é fator de suma importância para o desenvolvimento do processo.
     Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicam as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Segundo Emília Ferreiro são:
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
  • Diferenciar entre desenho e escrita;
  • Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras;
  • Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita;
  • Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
Silábico- a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatórias, usando apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
Silábico- Alfabético- convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
3)Nível Alfabético- a criança agora entende que:
  • A sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em unidades menores;
  • A identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas;
  • A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.

CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO
Nos estudos pode-se perceber que Ferreiro tem uma importância muito relevante para a Pedagogia, ela destacou que o processo de aprendizagem é independe do ensino tanto da leitura quanto da escrita. A perspectiva construtivista considera a interação de todos os elementos que fazem parte do processo de aprendizagem desde uma visão política integral, vinculada ao contexto da realidade sociocultural dos alunos, entendendo que a alfabetização, longe de ser a apropriação de um código, envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística.
Emília Ferreiro defendeu a importância de o educando ser exposto ao mundo da escrita, a partir da participação em práticas sociais de leitura e escrita, uma vez que a alfabetização é de natureza conceitual e não perceptual como se pensava. Nesta visão, foi possível ampliar o meio onde se dá a aprendizagem, retirando da escola a responsabilidade pela alfabetização dos alunos, ou seja, o ensino das letras, sílabas e palavras, deixou de ser tarefa exclusiva do educador. Os estudos de Emília Ferreiro nos permitem acompanhar todo o processo de escrita construído pela criança, bem como as hipóteses que elabora a medida que ela se desenvolve.
Emília Ferreiro chamou a atenção para a importância do ambiente – que deve ser alfabetizador – devido à oferta de oportunidades e de acesso à escrita, diferenciando as crianças entre si. Crianças com mais estímulo e motivação tem maiores chances de construir melhor seu processo de escrita, sem que se constitua um problema para as crianças com menos possibilidades.
Pode-se concluir que Emília Ferreiro é uma autora de tem dado muita contribuição para a pedagogia e que os conceitos aprendidos no estudo serão de muita utilidade no exercício das atividades a desempenhar pelos acadêmicos envolvidos.




CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos observar que os estudos de Emília Ferreiro nos permitem acompanhar todo o processo de escrita construído pela criança, bem como as hipóteses que elabora à medida que ela se desenvolve, havendo assim uma interação do que ela realmente aprende.
Ferreiro desviou o enfoque do "como se ensina" para o "como se aprende", colocando assim a escrita no seu devido lugar – como objeto sociocultural de conhecimento através da vivencia da criança. Os resultados de suas pesquisas permitem isso, que o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo aluno, que passa a ser visto como um atuante e não como um ser passivo, como uma tabua rasa, que recebe e absorve o que lhe é "ensinado" pelo professor.
De acordo com a teoria exposta em Psicogênese da Língua Escrita, toda criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada, segunda autora estas são:
Pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada;
Silábica: interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma;
Silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas;
Alfabética: domina, enfim, o valor das letras e sílabas.
Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo próprio educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo como demonstra a educação tradicionalista, havendo assim uma ligação estreita com as teorias de Piaget e Vigotsky.



REFERÊNCIAS
ZACHARIAS, Vera Lúcia Camara F. SITE 10 EM TUDO. Biografias: Emília Ferreiro. Disponível em: <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_emilia_ferreiro.htm>. Acessado em 10 de Junho de 2013 às 20h55min.
DELGADO, Evaldo Inácio. Pilares do Interacionismo, 1º ed. - São Paulo: Érica, 2003.

LA PENDA, Fernanda. Os estudos de Emília Ferreiro e sua expressiva contribuição à educação. Disponível em:< http://fernandalapenda.blogspot.com.br/2012/03/os-estudos-de-emilia-ferreiro-e-sua.html>. Acessado em 02 de Junho de 2013 às 19h35min.

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